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Gourmetização na gastronomia: o que mudou e como se adaptar?

Diariamente, lemos, vemos e ouvimos que tal comida ou que tal restaurante é gourmet. Da pastelaria do bairro à barbearia da esquina, parece que tudo tem se gourmetizado. Mas, afinal, o que isso significa?

Diariamente, lemos, vemos e ouvimos que tal comida ou que tal restaurante é gourmet. Da pastelaria do bairro à barbearia da esquina, parece que tudo tem se gourmetizado. Mas, afinal, o que isso significa?

Com a popularização da gastronomia e o aumento do poder aquisitivo do brasileiro, o mercado de alimentação se tornou ainda mais interessante economicamente.

Hoje, o termo ‘gourmet’ é utilizado para valorizar um determinado prato, na tentativa de venda não apenas de um simples alimento, mas sim de uma experiência gastronômica.

E isso tornou-se uma forte tendência para o setor, pois muitos clientes estão dispostos a pagar um pouco a mais por algo que considerem único e inovador – além do status que muitas vezes lhe é atribuído.

Para um alimento ser considerado gourmet, é preciso ter elementos diferentes do produto tradicional, um ingrediente ou preparação mais refinado, mais nobre ou até mesmo mais raro.

O problema é que, como não poderia deixar de ser, o assunto se tornou bastante controverso e muitos consumidores olham para a gourmetização de determinados alimentos e estabelecimentos com desconfiança.

Polêmicas à parte, o fato é que a onda gourmet se espalhou pelo mundo inteiro, até mesmo em países onde a gastronomia nacional é reconhecida como algo quase sagrado.

E no Brasil isso não é diferente. Como todo brasileiro gosta de novidades, a gourmetização ganhou ainda mais repercussão por aqui e ainda é uma forte tendência de mercado.

O que é a gourmetização?

A origem do termo ‘gourmet’ remete ao século XIX, quando o gastrônomo francês Jean Savarin o utilizou pela primeira vez em seu livro “Fisiologia do Gosto”. À época, o autor empregou a palavra para designar pessoas com paladar apurado, relacionando-a à elegância e refinamento.

Com as estratégias de marketing contemporâneas, a palavra ‘gourmet’ passou a ser utilizada para indicar sofisticação e qualidade, criando uma diferenciação clara entre produtos semelhantes.

A gourmetização na gastronomia ainda é uma tendência?

A gourmetização segue sendo uma tendência no setor alimentício como um todo. De produtos industrializados a pratos servidos em restaurantes, ascensão relativamente recente do poder de compra do brasileiro faz com que haja uma demanda latente por produtos gourmet.

Nesse sentido, é importante também diferenciar produtos e alimentos ‘gourmet’ e ‘premium’, muitas vezes tratados como sinônimos.

O termo ‘premium’ é designado a produtos e serviços de alto valor agregado com diferenciais de inovação. Além de um preço maior, são consideradas características como a raridade, a tradição de uma marca e a experiência que ela vai trazer para quem consumir.

Já o termo ‘gourmet’ se refere à transformação de alimentos básicos, como comidas de rua (hambúrgueres, cachorro-quente etc.), com novos componentes e apresentações. Aqui, inclusive fatores externos ao alimento são levados em consideração, como a ambientação do estabelecimento.

Estabelecer essa diferenciação é importante por conta de mal-entendidos comuns em relação a produtos e locais gourmet. Afinal, há um número considerável de consumidores que acreditam se tratar apenas de uma estratégia para cobrar um valor mais elevado pelo mesmo produto – fato, infelizmente, confirmado por marcas pouco éticas.

Por isso, ao optar por trabalhar no segmento de gastronomia gourmet, é preciso deixar claro ao cliente o valor agregado que existe sobre o produto e serviço que está sendo consumido, oferecendo a ele uma experiência verdadeiramente diferenciada.

O que significa ‘gourmetizar’ na prática?

Se a tendência gourmet começou na gastronomia, é fato que, como comentamos, ela se estendeu a outros aspectos relacionados à alimentação.

Hoje, o gourmet é utilizado, por exemplo, para se referir a estabelecimentos que investiram em uma ambientação e uma decoração melhores; ou até mesmo para locais que alteraram a forma de atendimento em busca de uma melhor experiência para o cliente.

Ou seja, aos olhos do cliente, quaisquer produtos ou serviços que passam por um acréscimo de qualidade são passíveis de serem enxergados como gourmet.

A gourmetização e a jogada de marketing

Outro importante fator para a disseminação dessa ideia é a utilização das redes sociais. As pessoas postam fotos, comentários e indicações de comidas gourmet, porque comer gourmet se transformou em mais do que alimentar-se, transformou-se em um símbolo de entretenimento e até motivo de diferenciação social.

A gourmetização tem dois lados bem distintos. Por um lado, incentiva a inovação na cozinha, o que é ótimo do ponto de vista econômico e cultural.

Criar um prato gourmet não quer dizer descaracterizar a maneira clássica, e sim dar um novo olhar. Mas é preciso provar que existe algo de realmente novo naquele prato.

Por outro lado, a popularização do termo deu origem a muitas estratégias de má-fé. A experiência vai muito além do rótulo e da apresentação (que não deixam de ser importantes).

Muitos profissionais usam o termo apenas para trazer algo mais caro, sem ter algo agregado que justifique seu custo.

Hoje, no Brasil, temos acesso a produtos que antes não eram tão comuns, o que é muito bom para a gastronomia, mas é preciso saber identificar o que é realmente bom e o que é apenas jogada de marketing.

Formas simples de gourmetizar os seus pratos

Se você pensa em mudar para o segmento gourmet, alguns passos são essenciais para conferir ao seus pratos esse status. Confira os principais:

Ingredientes

O primeiro passo para gourmetizar os pratos do seu estabelecimento é a escolha dos ingredientes utilizados na preparação.

Para ficar clara a importância disso, pense, por exemplo, na diferença de sabor e apresentação entre um hambúrguer de uma grande rede de fast-food e um lanche feito artesanalmente, com um blend de carnes de primeira e pães caseiros. Percebeu?

Investir em produtos mais frescos e saber aproveitá-los ao máximo. Por isso, não se deve achar que, necessariamente, ingredientes melhores serão sinônimo de gastos maiores.

Textura

Voltemos ao exemplo dos hambúrgueres. Sabe aquele lanche murcho e borrachudo que encontramos ao abrir a caixinha do fast-food? Agora compare-o novamente ao que é servido em hamburguerias artesanais, em que o sanduíche foi feito na hora.

A textura é fundamental em qualquer preparo. Em comidas gourmet, ainda mais. A batata frita deve ser crocante, as massas não podem estar muito duras nem moles, as folhas deve estar firmes e o pão deve fazer aquele barulhinho crocante quando for mordido.

Nesse sentido, algo muito explorado por grandes chef é a combinação de texturas. Se o prato é macio, como um ravioli de queijo, por exemplo, por que não combiná-lo com algum ingrediente crocante, servido logo antes de o prato chegar à mesa?

Aroma

O paladar não é o único sentido aguçado durante a refeição. O aroma que cada preparação exala é fundamental para a experiência do cliente. Imagine uma batata frita no ponto certo, mas com um cheiro estranho…

Procure conhecer ingredientes aromáticos e utilize-os em suas preparações. Um ramo de alecrim ou algumas folhas de hortelã ou manjericão acrescentam frescor não só ao aroma, como também ao paladar.

Apresentação

De nada adianta caprichar em tudo e montar um prato que não conquiste o cliente pelos olhos. Pratique diferentes formas de apresentação e certifique-se de que o prato pareça apetitoso.

Tome cuidado com a distribuição dos alimentos no prato, para que um não danifique o outro. Como exemplo, pense novamente em um hambúrguer e como, muitas vezes, o líquido que sai dos ingredientes (tomate, molhos e carne) deixa o pão molhado e molenga.

Trabalhe com diferentes cores e pense no melhor recipiente para servir cada preparo. Em vez de servir batatas fritas em uma bandeja de alumínio, você pode embrulhá-las e um cone de papel, ao estilo fish n’ chips londrino.

Por fim, faça testes e aprenda sobre os alimentos. Você sabia que para manter o brilho de um risoto é necessário servi-lo em prato aquecido? Pense nisso.

Gourmetizar em casa é possível?

Você não precisa necessariamente sair de casa para comer algo gourmet. Dar um novo olhar, acrescentar àquela receita tradicional um ingrediente especial ou apresentar um prato de maneira diferente à sua família e a seus amigos pode ser uma boa opção para seu bolso.

A apresentação é uma das características mais marcantes nessa nova gastronomia. Pratos bonitos, atrativos com enfeites, decorações e muita criatividade são o chamariz para que quem coma saia ainda mais satisfeito – e a foto para postar na rede social vai ficar ainda mais bonita e apetitosa!

Em casa, você pode escolher servir seu prato em uma bonita travessa, em vez de colocar na mesa aquela forma que veio diretamente ao forno. As opções de travessas, ramequins e pratos em porcelana são uma boa escolha para levar o alimento à mesa.

Fazer porções individuais também pode ser uma alternativa legal, pois você pode criar algo personalizado para cada integrante da sua família e fazer sucesso com seu prato “gourmet”. Tudo é uma questão de gosto e de escolha. Basta cada um saber o que gosta e o que lhe faz feliz na cozinha.

Se é a comida gourmetizada ou caseira não importa, o que importa é que seja feita sempre com amor e dedicação.